As consequências são as altas taxas de repetência, faltas e evasão escolar. "O racismo pode ser uma forma de bullying, a pluralidade racial gera um grande problema nas escolas e as manifestações discriminatórias são muito comuns diz o dr. Lopes Neto. "O branco discrimina o mulato, que discrimina o negro, os que têm sotaque também sofrem discriminação" .A rejeição às diferenças é um fato descrito como de grande importância na ocorrência de bullying mas não é o principal. As vítimas podem ser negras, orientais, indígenas, brancas, gordas, magras, altas ou baixas. A falta de auto-estima é que pode potencializar a ação dos agressores. "Geralmente são pessoas frágeis, inseguras, que se sentem desiguais e não encontram apoio na família ou na sociedade". Considerando que a maioria dos atos de bullying ocorre fora da visão dos adultos e que grande parte das vítimas não reage ou fala sobre a agressão sofrida, pode-se entender por que, embora esse seja um mal silencioso que se alastra por todas as instituições de ensino do mundo, professores e pais tenham pouca percepção da prática, subestimam a sua prevalência e atuam de forma insuficiente para a redução e interrupção dessas situações. "Infelizmente o bullying apesar de suas conseqüências danosas às suas vítimas é pouco denunciado, quer seja no ambiente escolar, quer na delegacia" constata a titular da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, Margarette Barreto. "Os menores de 18 anos que cometem crime de racismo, de constrangimento ilegal, ou lesão corporal que são os mais comuns em decorrência do bullying estão sujeitos às penas contidas no Estatuto da Criança e do Adolescente". O dr. Lopes Neto, acredita por exemplo que as escolas possam ser penalizadas: "A instituição é responsável pela exposição das crianças e adolescentes às agressões físicas e morais, com base na sua omissão na proteção dessas vítimas". As medidas preventivas de conscientização são consenso entre os especialistas como forma de diminuir a incidência da violência entre pares.
Atuar em prol da prevenção do bullying escolar implica ir além de campanhas , grupos de auto-ajuda ou terapias individuais. É necessário valorizar os trabalhadores da educação, apoiar a formação continuada, estimular práticas pedagógicas compromissadas com a desestruturação dos bloqueios culturais, a consolidação dos direitos humanos e a transformação efetiva da sociedadee, no que tange à comunidade escolar, viabilizar o acesso a informação sobre a temática, estimular o diálogo, o respeito à criança e aos seus direitos.
Com a aprovação da lei nº 10.639/2003, que torna obrigatória a inclusão de História e Cultura Afro-brasileira no currículo escolar, abriu-se uma importante oportunidade para o desenvolvimento de materiais didáticos e práticas pedagógicas voltados para a diversidade e o combate à discrimação.O efetivo cumprimento dessa lei pode ser uma excelente oportunidade para atuar nos bloqueios culturais e, por conseguinte, na prevenção ao bullying.
Fonte: O fenômeno Bullying nas relações interpessoais EDITORA CONSTRUIR. Nº 40- Maio-Junho 2008
OS NÚMEROS
Programa aponta a capacidade de percepção dos alunos sobre o bullying40,5% admitiram estar diretamente 60,2% afirmaram que o bullying ocorre com mais freqüência dentro das salas de aula 80% manifestaram sentimentos contrários aos atos de bullying, como medo, pena, tristeza 41,6% daqueles que admitiram ser alvos de bullying disseram não ter solicitado ajuda aos colegas, professores ou família 23,7% dos que pediram ajuda foram atendidos 69,3% admitiram não saber as razões que levam à ocorrência de bullying 51,8% dos alunos autores de bullying afirmaram que não receberam nenhum tipo de orientação ou advertência quanto à incorreção de seus atos
FONTE: O PROGRAMA DE REDUÇÃO DO COMPORTAMENTO AGRESSIVO ENTRE ESTUDANTES DA ABRAPIA
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PRESTE ATENÇÃO NESTES INDICADORES
Eles podem ajudar você a perceber se seu filho é uma vítima do bullying• Falta de vontade de ir à escola, pedir para mudar de escola ou ter medo de ir e voltar • Mudar, freqüentemente, o trajeto entre a casa e a escola • Sentir-se mal quando precisar sair de casa • Baixo rendimento escolar • Voltar da escola, repetidamente, com roupas ou livros rasgados • Chegar muitas vezes em casa com machucados inexplicáveis • Tornar-se uma pessoa fechada, arredia • “Perder”, repetidas vezes, seus pertences, seu dinheiro • Parecer angustiado, ansioso, deprimido • Ter pesadelos freqüentes • Evitar falar sobre o que está acontecendo, ou dar desculpas pouco convincentes para tudo • Tentar ou cometer suicídio Solução - Procure conversar com o seu filho sobre o assunto e, junto com ele, fale com a direção da escola para encontrarem uma solução para o problema. Essa realidade precisa mudar. |